Durante o programa “Casos do Dia” da quarta-feira passada (13), o deputado da Renamo, António Muchanga, foi convidado a comentar sobre as declarações do Antigo gestor das empresas beneficárias das dívidas ocultas, que lesaram o Estado em 2,2 mil milhões de dólares, António Carlos Do Rosário, onde este afirmou que a ideia de emissão de uma garantia de 850 milhões de dólares a favor de uma das empresas no projeto, a Ematum, foi o antigo Ministro da Defesa e o atual presidente da República.
O polêmico deputado defendeu Filipe Nyusi, alegando que as declarações de António Carlos do Rosário não fazem sentido, visto que tanto ele e o Diretor Geral do SISE não eram subordinados ao Ministro da Defesa, mas sim do Presidente da República, que na altura dos factos era Armando Emílio Guebuza.
“Considerando o grau de malabarismo que carateriza o triplo PCA, nesse caso o António Carlos do Rosário, ficou claro que ele era capaz de tudo. Ele foi capar de buscar o filho do presidente da República, foi capaz de ir buscar o Teófilo Nhangumele, e foi capaz de usar o Cipriano Mutota e mandar expulsar o Mutota. No entanto ele é capaz de tudo, foi capaz de selecionar os técnicos que foram com ele para cumprir a missão que ele pretendiam, mas que os barcos não oferecem qualidade, ele sabe disso.
Todas as cartas de pedido de garantia são assinadas pelo Diretor Geral do SISE, Gregório Leão.
O diretor Geral do SISE não se subordina ao Ministro da Defesa. O diretor Geral do SISE tem o estatuto de Ministro. E ele próprio disse que é subordinado único do presidente da república [Armando Guebuza]. Portanto é uma contradição clara e completa.
O que o Do Rosório tentou insinuar não cola por que ele não tem gabinete no Ministério da Defesa, e ele não subordinado direto do Ministro da Defesa [Filipe Nyusi], ele prestava contas ao Gregório leão e ao Presidente da República, e tudo isso está demarcado na própria Lei do SISE” disse António Muchanga.
Muchanga disse ainda que espera que o réu António Carlo Do Rosário contem mais o que sabe. E que queria saber se o Nyusi recebeu apenas 2 milhões de dólares.
“Quando ele entende divulga alguns segredos, dando a lista de alguns colaboradores, que um deles é o Chivale, faze-nos saber que todas as empresas estão infiltradas, quer dizer isto não é segredo do estado. O que é segredo de estado é o dinheiro que ficou no bolso dele e dos amigos.
Visto que teve a coragem de divulgar a casa que foi comprada em Joanesburgo, e que comprou a viatura para o Nyusi. Eu gostaria de saber se foi só isso que compraram para o Nyusi ou ha mais coisas. Por que a ser verdade, o Nyusi foi totalmente desprezado. Se até o Ndambi que estava a passear apanhou 33 milhões de dólares, o próprio Nhangumele apanhou 8.5 milhões de dólares, como é que um coordenar, uma pessoa com tanto, como é o caso de Ministro da Defesa, vai se contentar com menos de 2 milhões de dólares do calote”, acrescentou.
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Numa outra abordagem, António Muchanga voltou a frisar da necessidade do Presidente da República, Filipe Nyusi, comparecer ao tribunal com vista a limpar o seu nome, alegadamente por que muita coisa não faz sentido. E ainda citou exemplo de estadistas sul africanos, como foi o caso de Nelson Mandela e o atual Matamela Cyril Ramaphosa, que já compareceram ao tribunal pessoalmente para fazer exclarecimentos sobre questões parecidas.
“Alguma coisa está mal, mas quem tem que explicar melhor é o próprio Nyusi em pessoa, não pode delegra, e faria muito bem.
O presidente sul africano, o Ramaphosa, esteve no Tribunal para depor, para dizer aquilo que sabe. O presidente Nelson Mandela já teve um problema igual e teve que depor, então isso ajuda, liberta o espírito das pessoas.
No entanto, eu espero sinseramente, que independentemente da decisão que o juiz tomar, o presidente Nyusi se voluntarie para ir ao tribunal e dizer o que sabe, sob o risco de ficar totalmente manchado”, sentenciou António Muchanga.