Segundo escreve o jornal A Carta, aconteceu na manhã do passado dia 4 de Novembro, semana passada. Uma delegação composta por vários responsáveis de entidades do sector da administração da Justiça, entre elas o Ministro Joaquim Veríssimo (Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos) e Adelino Muchanga (Juiz-Presidente do Tribunal Supremo) visitou o Estabelecimento Penitenciário Preventivo de Maputo, a chamada Cadeia Civil, localizada no coração da Sommerschield. A visita teve um mote central: fazer um levantamento das necessidades dos reclusos.
Na ala feminina, a delegação foi logo confrontada com um desejo: Helena Taipo, a antiga Embaixadora em Angola (também ex-Ministra do Trabalho e Segurança Social) e Inês Moiane (ex-secretária particular do antigo Presidente Armando Guebuza) não querem partilhar a mesma cela com Ângela Leão, esposa do antigo director-geral do SISE, Gregório Leão. O casal está detido preventivamente por seu envolvimento no chamado calote das “dívidas ocultas”, tal como Inês Moiane. Helena Taipo responde num processo de corrupção envolvendo fundos do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS).
Taipo, Moiane, Ângela e mais uma quarta reclusa, cuja identidade não apuramos, partilham uma cela em conjunto. Fontes de “Carta” contaram que Taipo e Moiane estão cansadas das “gritarias” de Ângela. A mulher de Gregório não se conforma com a reclusão e não pára de gritar, contaram as fontes. “Ela reclama sobre tudo e sobre nada. Provoca barulho a toda hora. Quando as outras reclusas querem descansar, ela desata em gritarias e insultos a tudo e todos”, disse a fonte.
A pretensão de Taipo e Moiane parece ter sido acatada. Ontem, de acordo com fontes da penitenciária, Ângela começou a transferir seus haveres para uma cela maior, de 20 reclusas. A mudança deverá concluir-se nos próximos dias. Aquando da visita de 4 de Novembro, Ângela Leão foi a reclusa que mais voz levantou. Reclamou das condições de detenção e de uma alegada falta de acesso a medicamentos e cuidados médicos. Alegadamente, ela pretende autorização para ser observada em clínicas privadas, descartando os serviços que o Estado fornece dentro do sistema penitenciário, que incluem a distribuição gratuita de medicamentos prescritos. Leão não deixou de reclamar que sua prisão preventiva “está fora” do prazo, exigindo soltura imediata. Uma outra fonte de “Carta” disse que a razão da sua transferência para uma cela comum decorre do facto de ela ter “reclamado de alegados maus tratos”, durante a visita de 4 de Novembro. Ou seja, ela está sendo punida.
Fonte: Carta