O incidente deu-se na sexta-feira à tarde na única estrada asfaltada perto de Palma, distrito onde decorrem as obras onde há várias empresas portuguesas subcontratadas.
Outros trabalhadores já foram vítimas da violência armada na região.
Um motorista moçambicano que trabalhava para a firma Gabriel Couto – uma das 10 empresas portuguesas com atividade registado na província de Cabo Delgado – foi abatido a tiro, em fevereiro, no mesmo dia em que outros seis trabalhadores ligados às obras ficaram feridos em ataques a viaturas.
Na altura, a petrolífera Anadarko suspendeu os trabalhos por falta de condições de segurança.
O ataque da última sexta-feira aconteceu três dias depois de a empresa ter anunciado que ia retomar os trabalhos e que no dia 18 de junho vai formalizar a decisão final de investimento naquela região, o maior empreendimento estrangeiro de sempre do país.
Fonte da empresa contactada hoje pela Lusa escusou-se para já a comentar o ataque de sexta-feira.
Dois homens mascarados e vestidos de negro dispararam contra o ‘minibus’ de transporte público pelas 16:00 (menos uma hora em Lisboa) na estrada que liga Mocímboa da Praia e Palma, relatou a vítima ao portal Zitamar.
Durante o ataque, que incluiu uma viatura de mercadorias que seguia atrás do autocarro, uma pessoa morreu e o resto dos passageiros fugiu, acrescentou, Pita Chicotoque, 45 anos, funcionário da empresa TPH.
As viaturas foram saqueadas e queimadas.
Depois de baleado numa perna, o trabalhador escondeu-se no meio de arbustos junto à estrada, onde passou a noite, e no dia seguinte conseguiu chegar à aldeia de Mapalanganha, onde a Anadarko fez chegar transporte militar que o levou para o Hospital de Pemba – a vítima aguarda transferência para a África do Sul para retirar uma bala alojada num dos joelhos.
Entre os passageiros estava uma funcionária do Ministério da Saúde que foi raptada pelos atacantes, que mais tarde terão pedido um resgate ao Hospital de Palma, acrescentou o portal, sem mais detalhes.
Os ataques de grupos armados que nasceram em mesquitas de Cabo Delgado já mataram pelo menos 150 pessoas desde outubro de 2017.
A Anadarko, que lidera o consórcio da Área 1 de exploração de gás natural da bacia do Rovuma, entrou na última semana num processo de fusão com a petrolífera Occidental, que se for concretizado fará com que o projeto de Moçambique seja vendido à francesa Total no segundo semestre deste ano.
Prevê-se que a fábrica de liquefação de gás e o processo de exportação marítima comece a funcionar em 2024.
Fonte: Lusa